A INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO CONHECIMENTO

sábado, 17 de setembro de 2011

EJA- educação de jovens e adultos

EJA- educação de jovens e adultos

Autor: Jandira Antonia da Conceição

1- INTRODUÇÂO

A modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos hoje é entendida como uma oportunidade para as pessoas que não conseguiram formação escolarizada na idade prevista. Pois, muitas dessas pessoas não lograram seus estudos no período correto por precisarem trabalhar para ajudar na renda familiar. Com isso, infelizmente acabaram contribuindo para o aumento de analfabetos no Brasil.

A realidade vivenciada na EJA se repete em todos os países onde o índice de desenvolvimento humano está abaixo da linha desejada, ou seja, considerada normal pela Organização das Nações Unidas – ONU. Dessa maneira tal modalidade de ensino deve ser evidenciada de forma que atenda as reais necessidades das pessoas acima de quinze anos de idade para além da terceira idade. Assim, compreendemos que não é qualquer ensino, em qualquer lugar com qualquer profissional, qualquer recurso didático, metodologia de ensino e instrumentos de avaliação que poderá ser usada para essa clientela. No entanto, verificamos que ainda existe descompromisso e desrespeitos para com essas pessoas que buscam na educação uma oportunidade de realização pessoal, profissional e social.

Para tanto, estaremos desenvolvendo um estudo sobre a EJA- educação de jovens e adultos dentro da realidade picoense, abordando de maneira mais especifica a oferta dessa modalidade nas Instituições e Órgãos responsáveis pela EJA em Picos .

Portanto, pesquisar tal modalidade de ensino nos permite refletir sobre de que maneira a Educação de Jovens e Adultos enquanto Política Pública esta sendo implantada no município de Picos e quais os resultados obtidos no que diz respeito à qualidade do ensino e inserção de pessoas de jovens, adultas no cenário social por meio da educação.

2- REFERENCIAL TEORICO

Um processo educacional voltado para o desenvolvimento deve privilegiar as diferentes realidades apresentadas no contexto social, cultural, político, econômico e educacional. Com isso, significa dizer que os governantes devem estar atentos as diferenças diagnosticadas nos grupos sociais. A população brasileira possuiu uma realidade muito diferenciada devido à diversidade existente em seu contingente territorial logo populacional. Isso faz com que exista a necessidade de se articular políticas que contemplem especificidades regionais e não adotar procedimentos que venham a homogeneizar as diferenças culturais, necessidades econômicas, educacionais entre outras.

Neste sentido, a educação tem desempenhado um papel fundamental nos países onde o desenvolvimento ainda não atingiu um nível mais elevado de desenvolvimento no que tange a processos de industrialização, gerenciamento dos recursos naturais e humanos. Pois, ainda predominam formas arcaicas crescimento econômico e relações sociais; a escola tem servido para o preparo do alunado para a realização de procedimentos competitivos do que para a construção da cidadania.

O aumento desenfreado da população urbana impulsionado pelo processo de industrialização favorece a existência de um número cada vez maior de pessoas que se apresentam como mão de obra barata e desqualificada para o mercado de trabalho. Esta realidade se da devido à ausência de um sistema de ensino planejado e que atinja a todos de acordo com suas necessidades locais. Apesar de inúmeras tentativas de inovar a educação brasileira, as políticas adotadas ate então tem reforçado um sistema educacional ainda com pratica arcaica, seletivo, aristocrático e excludente, torna-se então um obstáculo à formação escolarizada, humana e profissionalizante do homem.

Em educação, esse nível de preparação quando chega a distinguir a defasagem em aquilo que a escola oferece e aquilo de que carece o desenvolvimento, tende a provocar mudanças que procuram tão somente escolher modelos de estrutura educacional mais avançada, da situação que provocou e alimentou a defasagem.

Segundo Romanelli (2007, p.27),

O crescimento da demanda social de educação pode ser tomado como outro indicador de necessidades do desenvolvimento, uma vez que ele revela aspectos sociais do desenvolvimento de novas camadas. Assim como a educação de uma consciência social do valor da educação.

Na relação educação e desenvolvimento parece correto fazer a análise partindo da questão de saber que papel desempenha nessa analogia às questões econômicas, a demanda social da educação e o resultado desses dois fatores que se traduz pela necessidade de oferta do ensino de qualidade. Neste embricamento, temos a oportunidade de refletir sobre o contexto da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos. Em que pese às relações e condições de aprendizado destes alunos desde o processo de alfabetização e sua formação continuada enquanto pessoa e profissional em constante processo de transformação.

Tradicionalmente, a alfabetização inicial e considerada em função da relação entre os métodos utilizados e o estado de maturidade ou de prontidão da criança. Ressaltamos porem que o adulto diferente da criança já passou por tal fase e que ele por experiências adquiridas no decorrer de sua vida precisa aprender de acordo com seu grau de desenvolvimento cognitivo e intelectual, ou seja, necessitara' de metodologia de ensino, instrumentos de avaliação, recursos didáticos recomendados a sua faixa etária e, não de materiais usados pelas crianças.

Emilia Ferreira afirma que (2001, p.13),

As escritas de tipo alfabético (tanto quanto as escritas silábicas) poderiam ser caracterizadas como sistema de representação cujo intuito original e primordial e representar as diferenças entre as significantes. No entanto também se pode afirmar que nenhum sistema de escrita conseguiu representar a natureza básica do ensino lingüístico.

Com isso, fica claro que por mais que crianças e adultos passem um processos de aquisição da linguagem de maneira semelhante, estes atores devem ter sua capacidade lingüística desenvolvida de forma diferenciada, porque crianças estão descobrindo o mundo da leitura e escrita a partir do contexto familiar e escolar; os adultos por não terem tido tal oportunidade estão se apropriando da leitura e escrita a partir de sua realidade social, econômica e cultural, ou seja, parte da interpretação e compreensão de seu mundo exterior como disse Paulo Freire – leitura de mundo.

Somos a décima economia do planeta e lideres mundiais no ranking da desigualdade. Assim, sabemos que a educação não poderia deixar de refletir essas diferenças, onde o ensino superior se encontra em processo de expansão e as escolas do ensino fundamental estão sem luz ou telhado, compondo desta forma o cenário de uma nação em construção.Neste contexto, fica difícil de trabalharmos diferentes níveis de ensino onde não há uma definição clara do que se deseja para cada um em relação ao desenvolvimento intelectual, cognitivo, social, emocional, afetivo, psicomotor entre outros aspectos.

Criança e jovens de níveis sociais menos favorecidos ainda têm de lutar para exercer o direito constitucional de freqüentar uma sala de aula de onde muitos são expulsos por uma conjuntura de dificuldades econômicas e sócias divergentes do que se propõe como aceitável, enquanto padrão. Dessa maneira, a evasão escolar, passa a tornar-se algo concreto e rela na vida do alunado, condenando criança e adultos a compor os índices de pobreza e analfabetos no Brasil.

Apesar do esforço do governo em colocar toda criança, adolescente e adulto na escola, a exclusão continua. Surge a questão do que veio primeiro, a omissão do Estado em elaborar políticas educacionais adequadas a população jovem e adulta já que o próprio governo reconhece sua responsabilidade no que diz respeito a dar oportunidade aqueles que deixaram de lograr seus estudos na idade e período correto em prol do desenvolvimento do pais gerando assim a exclusão social (PARECER 11-2000). Ou a pobreza impede o acesso e permanência dessas crianças e jovens no cotidiano escolar. Ou ainda poderemos dizer que a família tem descumprido com sua responsabilidade de matricular e fazer zelar pela formação escolarizada de sua prole.

Na tentativa de resolver parte das desigualdades sociais que há em nosso pais, a Educação de Jovens e Adultos busca incluir no processo formal de escolarização pessoas de 15 (quinze) anos no contexto acadêmico no período regular. Atendendo a essa parcela significativa da população brasileira, excluída desse processo, do mercado de trabalho, da vida social e das tomadas de decisões.

A EJA – Educação de Jovens e Adultos configura-se como uma política pública adotada pelo Governo brasileiro no intuito de diminuir e ate mesmo erradicar o analfabetismo no Brasil (CF, Art. 214, I). Esta política educacional também foi aceita e implantada por outras esferas governamentais como os Estados e Municípios nas diferentes Unidades Federativas. O estado do Piaui também se tornou parceiro nesta proposta de ensino voltada para a Modalidade EJA; os municípios, por compreenderem que essas ações podem de fato melhor o nível de escolarização da população, como também sua participação enquanto cidadãos passaram a implantar por meio da Secretaria de Educação esta modalidade de ensino, dando sua contrapartida com profissionais da educação, escolas e recursos didáticos. Aqui salientamos a participação do município de Picos, localizado na região do Semi–Árido piauiense, no que diz respeito à inclusão dessa modalidade de ensino no período regular.

De acordo com o Plano Nacional de Educação (2000, p. 81),

"... não basta ensinar a ler e escrever. Para inserir a população no exercício plena da cidadania, melhorar sua qualidade de vida e de fruição no tempo livre, e ampliar suas oportunidades no mercado de trabalho, a educação de jovens e adultos deve compreender no mínimo, a oferta de uma equivalência ‘as oito series do ensino fundamental".

Conforme a atual regulamentação do ensino brasileiro passa-se de oito para nove anos o período de oferta da educação no Ensino Fundamental. Com isso, abre-se a oportunidade de uma formação escolarizada e profissionalizante com mais qualidade para os discentes jovens e adultos. Aumentando sua capacidade intelectual, afetiva, emocional e social no sentido de prepará-los para vida e também o mercado de trabalho.

Para tanto, os procedimentos de ensino devem superar desafios metodológicos, conteudistas, de formação docente, recursos didáticos, de instrumentos de avaliação. Dessa forma, o dever do educador de EJA perpassa ao processo de alfabetização, ou seja, formação inicial da escolarização; esta relacionada com o processo de letramento, segundo Soares (2006), alfabetização hoje e' considerado aquela pessoa que sabe ler, pôr letrado se entende aquela pessoa que alem da leitura e escrita possuiu domínio das novas tecnologias, tem compreensão de sua realidade e e' capaz de atuar sobre a mesma. Percebemos que a EJA no atual contexto deve contemplar o desenvolvimento pleno do homem, em todas suas potencialidades e habilidades, para isso, a escola precisa ofertar atividades que desenvolvam nos alunos conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais conforme Zabala (2005). E, as instituições formadoras de docentes necessitam analisar seus currículos diante das exigências educacionais e sociais.

A educação de jovens e adultos no atual cenário social visa o desenvolvimento do homem em sua plenitude, ou seja, tornar o aluno um sujeito capaz de interagir, atuar em prol de transformação, desenvolvendo seu aspecto cognitivo, intelectual, social, afetivo, emocional, político e, sobretudo educacional. Nesse sentido a modalidade Educação de Jovens e Adultos precisa completar a existência e aplicabilidade de políticas públicas que manifestem preocupações com a formação digna de homens e mulheres; de diferentes classes sociais e etnias.

Para tanto, abordar a presente temática nos possibilita desenvolver uma pesquisa de caráter exploratório, onde propõe-se conhecer e elucidar os órgãos que trabalham com a EJA em Picos. Para isso serão feitas visitas nas seguintes Intituições: Secretária de Educação de Picos, 9ª GRE, CEFET, UESPI e UFPI para detectar o processo de ensino da a EJA nas referidas instituições e se há algum projeto para trabalhar a educação de jovens e adultos numa construção do senso crítico e politização do homem.

De acordo com o exposto acima estaremos investigando as instituições que trabalham com a EJA . Assim, a realização do presente estudo justifica-se mediante a necessidade de estarmos colaborando com o processo de ensino da educação de jovens e adultos, pois não podemos conceber um processo educacional inadequado a sua clientela diante da evolução tecnológica, era da informação, globalização e da diversidade cultural no interior da sociedade contemporânea.

A presente pesquisa será desenvolvida na cidade de Picos – PI, nas Instituições e Órgãos responsáveis pela EJA como maneira de contribuir para o aprimoramento e melhorar a qualidade de ensino dessa modalidade.

1- RESULTADO DA PESQUISA

LOCAL

COMO FUNCIONA

MODALIDADES

CURSOS E OBJETIVOS

QUANTIDADE DE PESSOAS ATENDIDA E PUBLICO ALVO

IMPORTANCIA DA EJA

9ª GRE

Na modalidade presencial e semi-presencial

Ensino Fundamental: 1ª a 4ª etapa(presencial) e Ensino Médio; semi presencial

Ensino Fundamental Médio e Profissionalizante.

Seu objetivo é corrigir o déficit , onde esses alunos não tiveram oportunidades de estudar no tempo regular

No total aproximadamente são atendidas 2.325 alunos.

Os alunos beneficiados são aqueles com mais de 18 anos, as donas de casa que trabalham durante o dia e também pessoas de classe média baixa.

È importante por que dar oportunidades para as pessoas que querem estudar e se qualificar.

È importante ressaltar que os alunos dispõe-se de recursos didáticos para se aperfeiçoar, como por exemplo: Laboratório de informática, de ciências, biblioteca, sala de leitura etc...

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÂO

Na modalidade Presencial

1ª, 2ª, 3ª e 4ª etapa

Ensino Fundamental, Médio e profissionalizante.

Seus objetivos é

Alfabetizar Jovens e adultos,acelerar seus estudantes, ampliando os conhecimentos. Proporcionar a oportunidade de jovens e adultos ingressarem ou continuarem seus estudos independentes da idade

São atendidas aproximadamente 533 alunos Funciona em 13 escolas municipais

As pessoas beneficiadas são alunos acima de 15 anos.

É importante porque é uma modalidade de ensino que visa equiparar a idade/série em que o aluno se encontra, reparar os prejuízos que esses alunos adquiriram ao longo de sua vida.

Esses alunos também dispões de recursos didáticos para melhor aperfeiçoar seus conhecimentos.

CEFET

Educação profissional com a educação básica na modalidade de EJA

Proeja e Proeja Fic

O Proeja Informática, na forma de ensino médio integrado ao curso técnico nível médio; Proeja administração, com duração de 3 anos; Proeja manutenção ensino médio integrado a formação inicial e continuada de trabalhadores com duração de 2 anos e por fim o proeja Fic, programa de parceria entre IFPI, Prefeitura e Secretaria de Educação de Picos.

O objetivo desses cursos é preparar e qualificar os alunos para o mercado de trabalho e também para sua formação cidadã

São atendidas em média 170 alunos. Seu público alvo são estudantes provenientes da EJA ou que já concluíram o 1º segmento do ensino fundamental com idade igual ou superior a 15 anos.

È importante porque dar oportunidades para os alunos se preparar e qualificarem para o mercado de trabalho e também para sua formação profissional.

Quanto aos recursos didáticos são utilizados no cotidiano escolar de acordo com as necessidades dos alunos. Temos: Livros, apostilas laboratórios para o desenvolvimento das práticas etc...

9ª GRE

Brasil Alfabetizado

6- CONCLUSÂO

A EJA é um campo de prática e reflexões que inevitavelmente transborda os limites da escolarização em sentido restrito. Primeiramente, porque abarca processos formativos diversos, onde podem ser incluídas iniciativas visando a qualificação profissional, o desenvolvimento comunitário, a formação política e uma grande quantidade de questões culturais próprias dos educados pautadas em outros espaços que não o escolar e que de forma alguma podem ser desmerecidas enquanto experiência a serem ampliadas.

O ensino da EJA no Município de Picos está ainda entrando em um estágio de transição, ou seja, saindo de uma etapa em que a modalidade conta apenas com a utilização da cartilha( que não é escolhida pelos professores da EJA, mas sim o que excede no ensino regular) e do esforço individual dos profissionais da área, partindo para uma etapa de estudo e reflexão para futuras mudanças.

Graças a essa nova visão que temos sobre o ensino da EJA, hoje já encontramos recursos didáticos bem mais avançados para melhorar o ensino desses jovens, isso é uma conquista não só para os discentes como também para os docentes, uma vez que a educação é o instrumento que vai permitir ás pessoas buscarem uma melhoria de vida, capacitando-se para competir no mercado de trabalho bem como reconhecer seus direitos.

Com base em nosso estudo sobre Educação de Jovens e Adultos, podemos concluir que toda a teoria que perpassa décadas e décadas, ainda continua em grande maioria em plano utópico, apesar dos órgãos responsáveis dessa modalidade terem este conhecimento e discurso embasados teoricamente.

Sabemos que estudar não resolve os problemas sociais, nem acaba com as injustiças sociais, mas é o meio pelo qual a pessoa pode reescrever sua própria história.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ALFABETIZAÇÃO SOLIDARIA. Revista da Alfabetização Solidária. v. 6, n. 6, 2006. São Paulo: Uni marco, 2006.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Plano Nacional de Educação. Deputado Federal Nelson Marchezan – Relator do PNE. Centro de Documentos e Informação. Coordenação de Publicações. Brasília, 2000.

FERREIRA, Emilia. Reflexão sobre alfabetização. 24ª ed. São Paulo.

MOURA, T. M. M. (org.) A formação de professores para EJA: dilemas atuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

ROMANELLI, Otaiza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 32 ed. Petropolis, RJ: Vozes, 2007.

SOARES, Madga. Letramento: um tema em três gêneros. 2 ed. 11 reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

TFOUNI, Leda Verdiani. Adultos não alfabetizados em uma sociedade letrada. ed. ver. São Paulo: Cortez, 2006.

TOLEDO, Cilé Terezinha. EJA: Educação de Jovens e Adultos: Piauí, segundo segmento língua portuguesa, matemática, historia, geografia, ciências, artes, inglês, literatura do Piauí, historia do Piauí, geografia do Piauí, artes do Piauí: org. [et all] – Curitiba. Base Didáticos, 2007. 456 p. Il;28 cm. 21ª educação.


/ensino-superior-artigos/eja-educacao-de-jovens-e-adultos-5066171.html

Perfil do Autor

Jandira Antônia da Conceição

Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia e Pós-Graduada em Docência e Metodologia do Ensino Superior e da Pesquisa, Pelo Instituto de Educação Superior Raimundo Sá-IERSA, Picos-PI

Nenhum comentário:

Postar um comentário