A INFORMAÇÃO A SERVIÇO DO CONHECIMENTO

sexta-feira, 18 de março de 2011

ORGANIZACAO E ESTRUTURACAO DA FRASE /ORACAO

 ORGANIZACAO E ESTRUTURACAO DA FRASE /ORACAO
A frase e a expressão verbal de um pensamento ou o enuncia do capaz de estabelecer uma comunicação, para isso, deve ter um sentido completo; e, quanto a extensão, pode ser formada por um termo ou pela combinação de elementos. Na escrita, a frase inicia por uma maiúscula e termina com sinais de pontuação. Diferencia-se, basicamente, da oração por esta ser constituída de sujeito (podendo não estar em nível oracional) e predicado (obrigatório), alem de inúmeros termos e também orações.
Nesse estudo, utilizaremos as orações por apresentarem uma estrutura propicia para a analise gramatical, pois possuem linearidade e hierarquia entre os constituintes. Partindo do principio dessa ordenação, Perini(2000, p. 227) propôs uma regra de estrutura sintática para a oração, sendo que os termos nos parênteses podem ou nao aparecer explícitos:
O [ (Suj.) + Pred. + (OD) ]
(1) A menina ganhou um presente.
             Suj.         Pred OD
(2) O amigo de Pedro chegou.
            Suj.                 Pred
(3) Trovejou.
          Pred
(4) Cuidado!
Interjeição
Nas frases acima, pode-se perceber que os exemplos (1), (2) e (3) apresentam, no mínimo, um predicado, constituinte obrigatório na oração. Já o exemplo (4) não possui predicado, mas e um ato comunicativo e tem sentido completo, portanto, uma frase, mas não oração. Dos exemplos citados, verifica-se que toda a oração e uma frase, mas nem toda frase e uma oração.Silva & Koch (2001) estabelecem uma regra de constituição para toda e qualquer frase formada de um conteúdo proposicional ou proposição (P),ou ainda, oração (O) composta por elementos linguisticos (sintagmas) que se organizam através de pergunta, exclamação, ordem, desejo, etc, em forma de
tipos de frase (T).
Uma oração e formada por unidades menores significativas, ou seja,constituintes que compõem uma unidade sintatico-semantica chamada sintagma. Mas, como descobrir quais são os sintagmas de uma oração?
Para isso, Silva & Koch (2001) utilizam o procedimento da comutação com os seguintes objetivos: a) segmentação – decompor o conteúdo proposicional em subconjuntos; b) substituição – verificar quais subconjuntos possuem a mesma função.
A menina chegou.
Pedro foi ao baile.

A menina chegou.
Pedro


A menina chegou. ao baile.

Os sintagmas
O sintagma e um conjunto de elementos com valor significativo na oração, mantendo entre si uma relação de dependência e de ordem. Nos exemplos acima, as orações foram divididas em dois constituintes que assumem as mesmas características e funções: no primeiro, encontram-se os termos a menina, Pedro, formando um tipo de sintagma, no caso, nominal, pois possuem como núcleo um nome. Já, no segundo constituinte, tem-se os termos chegou e foi ao baile, formando um sintagma verbal,
cujo núcleo e um verbo. A denominação de cada sintagma depende de seu núcleo.

Alem do sintagma nominal (SN) e do sintagma verbal (SV), temos o sintagma adjetival (SA), cujo núcleo e um adjetivo e o sintagma preposicionado (SP) formado, normalmente, de preposição + sintagma nominal.
Essas classificações sobre sintagmas e as explicações e exemplificações que
se seguirão estão baseadas em Silva & Koch (2001), alem de contribuições de
outros autores que serão apresentados no decorrer deste trabalho.
Todas as orações podem ser decompostas em, no mínimo, dois constituintes: SN + SV, independente de sua extensão. Destes dois constituintes, o SV devera sempre aparecer explicito, o que, as vezes, não acontece com o SN, como no exemplo (6). No entanto, seu lugar e garantido no sintagma-base, embora não apareça estruturalmente.
(5) João e Maria│ compraram um presente para seus pais.
SN SV
(6) (Eles)│ Compraram um presente para seus pais.
SN SV
A gramática tradicional inclui a classificação de oração sem sujeito para as orações em que o processo verbal não se refere a nenhum ser,como no exemplo (7), embora a sintaxe gerativa estipule a existência obrigatória de um sujeito e um predicado. A explicação parte da estrutura e não do significado e porque essas frases possuem um sintagma nominal lexicalmente não preenchido.
(7) (Δ)│ Choveu.
SN SV
Alem dos dois sintagmas obrigatórios ja descritos, ha um terceiro com as seguintes características: a) e facultativo - pode ser retirado da oração sem prejudicar a estrutura sintática; b) e móvel - pode ser deslocado para varias posições da estrutura sintática entre os sintagmas; c) possui a forma de um sintagma preposicionado.
(8) Joãozinho │chegara │amanha.
SN SV SPc
Conforme colocações feitas acima, pode-se descrever as regras de estrutura frasal da seguinte forma:
F →T + P
O →SN + SV (SP)
1 Sintagma nominal
O sintagma nominal pode ter como núcleo um nome (N) ou um pronome (Pro) substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo). O SN pode ser formado apenas pelo núcleo, ou também por outros elementos, como o determinante (Det.), o modificador (Mod.) e outros sintagmas.
O determinante pode ser simples ou complexo. Simples, porque apresenta um elemento representado pelo artigo, numeral ou pronome adjetivo.
Complexo por ser constituído por mais de um elemento. Neste caso, funcionam como determinante-base o artigo e o pronome demonstrativo; como pos-determinante, os numerais e os possessivos e, como predeterminante, certas expressões indefinidas (todos, a maior parte de, etc.). Todos esses elementos obedecem a uma ordem de colocação. A regra completa do determinante e a seguinte:
Det.→ (pre-det) det-base (pos-det)
a) Determinante simples
SN
Det. N

Os meninos
Estes
Meus
Dois


b) Determinante complexo
SN

Det N

pre-det det-base pos-det
│ │ │
Todos os meus irmãos




Com a regra de estrutura frasal apresentada, ja se pode evidenciar uma divergência em relação a gramática tradicional, visto que, na regra exposta, cada elemento tem um papel definido no sintagma, enquanto que pela norma todos os elementos periféricos recebem a denominação de adjuntos adnominais.
Os modificadores podem ser compostos por sintagmas adjetivais ou por sintagmas preposicionais, apresentando a seguinte regra:
Mod.→ SA
SP
O modificador, quando anteposto ao nome, recebe o rotulo de Mod., visto que e formado apenas por um elemento; já, quando posposto ao nome, pode ser expresso como SA ou SP por apresentar mais de um elemento, como será visto adiante nas regras de estrutura do sintagma preposicionado e adjetival. Essa diferença de rotulo não seria necessária, pois ambos representam, caracterizam o nome, mas resultam num melhor entendimento quanto a extensão e as diversas possibilidades de emprego.
O SA ou SP posposto ao nome será modificador quando for dependente do mesmo quanto a regência e contexto.
A regra de reescritura do sintagma nominal pode ser assim descrita:

SN → (Det.) (Mod) N (Mod)*

Pro

Δ

* Modificadores do nome que podem ser dados por SA ou SP.
2 Sintagmas preposicionados

O sintagma preposicionado e constituído, basicamente, de preposição + SN. No entanto, estudos realizados com base na segmentação, substituição e função que exercem no enunciado mostraram que o advérbio também pode funcionar como SP, como nos seguintes exemplos:
(9a) Pedro ouviu a palestra com atenção.
(9b) Pedro ouviu a palestra atentamente.
Essa opção foi adotada tanto por Silva & Koch (2001) como por Lemle (1989), baseada em argumentos como: a) vários advérbios admitem uma locução adverbial correspondente: rapidamente – com rapidez; atentamente – com atenção, etc; b) os advérbios constituem um inventario fechado, enquanto que as locuções adverbiais (sintagmas preposicionados) formam, em geral, um inventario aberto, sendo mais coerente admitir os advérbios e suas locuções correspondentes como SP; c) a descrição baseia-se na função que esses elementos exercem no enunciado e não na sua estrutura. Dessa forma, o SP pode ser visto como uma forma indefinida de
expansão da lingua sobre as modificações adverbiais. Cabe salientar que
os sintagmas preposicionados não podem ser transformados em advérbios, como no seguinte exemplo:
(10) cheio de areia
Δ
Com tal posição, a regra de reescritura do SP e a seguinte:
SP prep. + SN
Adv.

Os sintagmas preposicionados podem ser divididos em | SPa e SPc.Os SPa são aqueles que exercem função de modalizador ou intensificador e podem ocorrer dentro de outro sintagma (SPai) ou externamente (SPae), fazendo referencia a oração como um todo, determinando-lhe uma circunstancia, sendo, ainda, considerado um terceiro constituinte independente formador da frase. Pode-se acrescentar, ainda, que o SPa não e um termo obrigatório na oração, podendo ser retirado sem alterar a gramaticalidade da frase, mas mudando seu significado no contexto, visto que eles são utilizados para delimitar, especificar, caracterizar, etc. o nome a que se referem. Os SPc exercem a função de complemento de acordo com a regência nominal ou verbal do termo a que se subordinam. Tradicionalmente, o SPa e o adjunto adnominal; o SPae, o adjunto adverbial; e o SPc pode ser o objeto indireto ou complemento nominal.
(11) O amigo de Paulo chegou.
SPa
(12) O homem foi chegando lentamente.
SPae
(13) A realização do evento e fundamental.
SPc
(14) Pedrinho precisa de segurança.
SPc
3 Sintagma adjetival
O SA tem como núcleo um adjetivo que pode ser acompanhado de intensificadores (Intens.), modificadores (SPA) que se encontrarão antepostos ao adjetivo e/ou sintagmas preposicionados (SPc) pospostos a ele.
A regra de reescritura e a seguinte:
SA ( Intens.) (SPa) Adj. (SPc)

(15) As drogas são extremamente prejudiciais ao ser humano.
Intens. Adj SPc
4 Sintagma verbal
O sintagma verbal (SV) e um dos constituintes obrigatórios da oração, podendo ser formado por apenas um verbo (tempo verbal simples)ou mais de um (tempo verbal composto ou locução verbal). Alem de seu elemento base, o SV pode ser acrescido de outros termos e/ou sintagmas, dependendo do assunto abordado e da transitividade verbal.
Quanto a transitividade verbal, ha duas visões diferentes: a gramática tradicional e a gramática descritiva. A primeira classifica os verbos em transitivos (direto, indireto ou direto e indireto), intransitivos ou de ligação, dependendo se o mesmo indica ação, qualidade, etc, pede ou não complemento e qual o tipo (com ou sem preposição). Na visão descritiva, segundo Perini (2000), os verbos possuem certas propriedades que podem ser definidas por traços, pois determinados verbos podem vir ou não acompanhados de complemento, sendo que esses recebem o traço de aceitarem livremente um complemento. Os verbos são divididos em [Rec-OD]- (recusa OD), [Ex-OD] - (exige OD) e [L-OD] - (aceita livremente OD),traços que resultam em onze matrizes de transitividade. Nessas matrizes traços, alem dos já citados, como [Rec-Pv] - (recusa predicativo), [Rec-CP] - (recusa complemento do predicado), [Ex-CP] - (exige
CP), entre outros. Este assunto será retomado mais adiante, quando serão
tratadas as funções sintáticas que podem ser exercidas pelos sintagmas.
Nesse estudo, será salientada a superficialidade da gramática tradicional, visto que não explica porque 58% dos verbos podem vir acompanhados de complemento ou não, pois muitos verbos considerados intransitivos recebem complemento.
A gramática descritiva explica o funcionamento desses verbos a partir das regras de reescritura e dos traços que apresentam em cada oração. Os exemplos abaixo apresentam diferentes ocorrências verbais.
(16) Ele conquistou o premio. V [Ex-OD]
V tr. SN
(17) Joana necessita de dinheiro. V [Ex-OI]
V tr. SPc
(18) Marcelo recebeu um presente do avo. V [Ex-OD-OI]
Vtr SN SPc
(19) O passarinho morreu. V [Rec-OD]
V intr.
(20) Maria chegou. V [L-OI]
V intr.
(21) Maria chegou de Porto Alegre. V [L-OD]
V tr. SPc
(22) O carro esta lindo. V [Ex-CP]
C op. SA
Nos exemplos (20) e (21), verifica-se que o mesmo verbo 'chegou< nao seria complemento, mas um adjunto adverbial.Sintetizando, tem-se a seguinte regra de reescritura:
Sintetizando, tem-se a seguinte regra de reescritura:

V. intr. (intens.) (SPa)
V tr. (Intens.) SN
SPc
SV SN + SPc (SPa)
SPc + SPc
Cop SA
SN
SP


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2000.
CHOMSKY, Noam. Aspectos da teoria da sintaxe. Coimbra: Armênio Amado, 1965. (Tradução de Jose Antonio Meireles e Eduardo Paiva Raposo, 1978).
KREUTZ, Roque Amadeu. Sintaxe da frase: teoria da subordinação. Santa Maria: UFSM, 1995.
LEMLE, Mirian. Análise sintática. São Paulo: Ática, 1989.
PERINI, Mario A. Gramática descritiva do português: São Paulo, Ática, 2000.
_____. Para uma nova gramática do português. São Paulo: Ática, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário